Baixada Fluminense se reinventa com novo sistema de saneamento
- Portal Notícias
- 25 de fev.
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A Baixada Fluminense, região marcada por décadas de desafios no saneamento básico, vive agora um momento de transformação. Em Mesquita, a implantação do Sistema de Coleta em Tempo Seco (CTS) vai muito além de uma simples obra – é um marco significativo para a cidade e um passo crucial no maior projeto de recuperação ambiental da Baía de Guanabara. Com esse avanço, a Águas do Rio não só está modernizando o saneamento, mas também promovendo uma revolução silenciosa na saúde pública e na preservação ambiental.
Quando estiver em plena operação, o sistema em Mesquita será capaz de captar e tratar mais de 15 milhões de litros de água contaminada com esgoto por dia – volume equivalente a seis piscinas olímpicas que antes caíam em rios do município. Uma mudança que, dia após dia, promete reescrever a história dessa região. A infraestrutura beneficia diretamente 65 mil pessoas e simboliza a luta pela universalização do saneamento, um direito essencial que, por muito tempo, foi negligenciado naquelas cidades.
O CTS funciona sobretudo nos períodos sem chuvas fortes, pois, nessas ocasiões, o fluxo dentro das redes pluviais — que transportam água da chuva — aumenta e não é possível separar a água contaminada com o esgoto. Com este sistema, o fluxo da galeria é desviado para coletores de esgoto e, por meio de bombeamento, é levado a estações de tratamento, retornando à natureza dentro dos padrões exigidos pelos órgãos ambientais. A iniciativa também é essencial para reduzir a proliferação de doenças transmitidas pela água contaminada com esgoto.
Duas grandes estações de bombeamento — conhecidas como elevatórias — foram construídas no município, nos bairros da Chatuba e de Edson Passos. Com isso, o esgoto que antes era despejado nos rios Dona Eugênia e Sarapuí é interceptado e direcionado para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) Sarapuí, em Belford Roxo, onde é tratado.

Moradora da comunidade do Sebinho, a dona de casa Márcia Liro vive há 25 anos às margens do Rio Eugênia, que deságua na Baía de Guanabara, e sofreu muito por não ter acesso a um serviço de saneamento adequado.
"Não deixava meus netos andarem descalços de jeito nenhum", lamenta.
Investimento bilionário em CTS
Nos próximos anos, a Águas do Rio investirá R$ 2,7 bilhões no projeto de ampliação de CTS pelo estado. A iniciativa fará com que 1,3 bilhão de litros de esgoto deixem de chegar diariamente na Baía de Guanabara. Hoje, graças a intervenções realizadas pela empresa no estado, cerca de 100 milhões de litros de água contaminada com efluente já deixaram de cair no cartão-postal da cidade todos os dias.
Até 2033, a concessionária fará um investimento total de R$ 19 bilhões no saneamento básico de sua área de concessão, o que beneficiará 10 milhões de pessoas diretamente.
Estratégia para reduzir desigualdades
Felipe Esteves, diretor-executivo da Águas do Rio, destacou a importância da construção das elevatórias e explicou um pouco sobre como funciona o sistema:
“Após passar por processos físicos, químicos e biológicos, o esgoto tratado será devolvido ao meio ambiente, atendendo aos padrões de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde”, contou.
No Brasil, a falta de saneamento ainda é um problema grave. Dados do IBGE mostram que quase 100 milhões de brasileiros vivem sem acesso a redes de esgoto, realidade que impacta diretamente a qualidade de vida e sobrecarrega o sistema de saúde.
Estudos apontam que, a cada R$ 1 investido em saneamento, R$ 4 são economizados em gastos com doenças. Por isso, a ampliação do sistema de CTS não é apenas uma obra de infraestrutura, mas uma medida estratégica para reduzir desigualdades e melhorar as condições de vida da população
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